Enfim chegara o dia. Era um dia do mês de outubro. Dia 10. Orfeu lembrou-se de um compromisso distante. Reiteradas vezes ele adiara o tal compromisso. Usava pretextos mil para fugir dele mesmo. Em vez de viajar para aquele compromisso, iria encontrá-la. Estava tudo resolvido. Eurídice concordara com a idéia.
O primeiro encontro marcado por Eurídice, fora ocasionado pelo aniversário de seu filho; naquela ocasião Orfeu ficara assustado, pois conhecia Eurídice apenas por efígies cordialmente enviadas pelos mensageiros, e, certas vezes ouvira sua voz transportada pelo vento. Enfim, mal a conhecia! Entretanto outros encontros foram frustrados.
Algumas vezes Eurídice sonhava adentrar, com Orfeu, a mata selvagem, ou penetrar aos canaviais como loucos deles mesmos. O sonho? - um amor ilimitado! Um amor praticado ao ar livre; como duas feras enfeitiçadas pela natureza. Mas não houve tal encontro por forças desconhecidas. Entretanto, mais uma vez foram vítimas dos atropelos hodiernos. Devem ser aquelas coisas proibidas por Zeus e que os simples mortais tentam transpô-las.
Mas este, - o primeiro encontro - fora estudado minuciosamente, e, reciprocamente. Passaram a semana inteira contando dias, horas, minutos e segundos...
Orfeu e Eurídice planejaram um amor voluptuoso como o amor dos animais! Entregar-se-iam, sem pudores e sem limites. Orfeu daria a Eurídice um prazer jamais sentido por uma mulher.
Enfim, não houve falhas; numa sessão de loucuras e devaneios, entregaram-se reciprocamente. Transformaram-se num único corpo, numa única alma. Viveram emoções incríveis que oscilavam entre a Terra e o Céu!...
Zeus, em sua soberana sabedoria entendeu aquela união efêmera e proibida...
Carlos,
3 comentários:
De pé me ponho a aplaudir tua obra.Bis!!!
Real.
Tinha ouvido sobre esta obra, vim conferir e.....encantada.
Postar um comentário